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Foto do escritorConexão Mata Atlântica RJ

Banco Interamericano de Desenvolvimento visita áreas de atuação no estado do Rio

Atualizado: 8 de nov. de 2018

Entre os dias 23 e 26 de outubro, a equipe do projeto Conexão Mata Atlântica recebeu a visita técnica do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), agência implementadora da iniciativa financiada pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), para acompanhamento da execução das ações no estado do Rio de Janeiro. A equipe do BID, representada pelo especialista em Desenvolvimento Rural e em Agricultura, Octavio Damiani, e o Especialista Técnico do GEF, Flávio Chaves, participaram da missão, que teve como objetivo conhecer as equipes locais e instalações do projeto, apresentar as ações desenvolvidas com os parceiros e visitar propriedades contempladas pela iniciativa.


A missão foi acompanhada pela coordenadora geral do projeto Conexão Mata Atlântica e do Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais pelo Inea, Marie Ikemoto, o coordenador executivo do projeto Gilberto Pereira, a coordenadora do programa Rio Rural Helga Hissa, o Superintendente de Desenvolvimento Sustentável Nelson Teixeira Alves Filho, da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Pesca (SEAPPA), e de parceiros locais, entre eles a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio de Janeiro (Emater-Rio) e a Fundação Educacional Dom André Arcoverde (CESVA/FAA). A supervisora do projeto pela Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), instituição responsável pela execução dos recursos, Maria Alcimar Aguiar, também participou da missão.


Durante a visita, a equipe técnica do BID ressaltou o bom andamento do projeto que no primeiro edital habilitou 165 propostas de proprietários rurais. “Tivemos uma visão muito boa da execução do projeto no estado do Rio, assim como tivemos nos estados de Minas Gerais e São Paulo. O projeto já obteve resultados muito bons e tem caminhos bem sinalizados para superar os desafios que foram identificados. Pelo relatório é mais difícil ter uma noção do que está acontecendo, mas poder ver como o projeto está sendo realizado no Rio é muito gratificante”, comentou Flávio Chaves.


As parceiras estabelecidas com instituições e outros projetos representativos da área ambiental e agricultura que já desenvolvem ações nas áreas de atuação do projeto, também foi um ponto positivo destacado pela equipe técnica do BID. “O Conexão Mata Atlântica no Rio construiu uma identidade própria e tem um bom relacionamento com os parceiros, que complementam as ações. Estão aproveitando bem o que já foi construído até agora pelos parceiros”, Octavio Damiani.


A caravana conheceu os parceiros locais, as estruturas - Unidades Executoras Locais (UEL), montadas para execução das atividades técnicas e de atendimento aos beneficiários -, além de realizar visitas a alguns proprietários beneficiados em todos os municípios de atuação do projeto no estado: Valença, Barra do Piraí, Varre-Sai, Porciúncula, Italva e Cambuci.

Recepção


O início da visita foi marcada por uma recepção na sede do Inea, no Rio de Janeiro, promovida pelos parceiros estratégicos do projeto no estado, na qual foram apresentados os principais resultados e o status de implementação das contrapartidas executivas assumidas pelos parceiros no âmbito do projeto. A coordenadora geral Marie Ikemoto, esclareceu os principais resultados e avanços do projeto destacando a recente seleção de 165 beneficiários, os estudos de planejamento e priorização assim como os avanços em contrapartidas assumidas pelo Inea para restauração de áreas degradas com uso de reflorestamentos com espécies nativas.


Helga Hissa destacou o grande potencial do estado para valorização de agricultores e o montante do capital investido em ações ambientais no âmbito do programa Rio Rural, parceiro estratégico do projeto Conexão Mata Atlântica. Segundo Helga, existem muitos proprietários rurais com nascentes e áreas de remanescentes sendo protegidos e recuperados, e vários outros estão sendo incentivados em ações de implementação de sistemas de produção com uso de árvores, especialmente agroflorestas. Todas essas ações constituem um capital ambiental ávido por apoio e incentivo para continuidade e desenvolvimento do meio rural e ambiental.


Também estiveram presentes na reunião, o diretor e a diretora adjunta de Biodiversidade do Inea, Paulo Schiavo e Julia Bochner, assim como o Superintendente de Desenvolvimento Sustentável da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Pesca (SEAPPA), Nelson Teixeira Alves Filho.


Áreas de atuação

A primeira parada da viagem aconteceu na Unidade Executora Local (UEL) do Médio Paraíba, localizada em espaço cedido pela FAA para o atendimento dos produtores rurais dos municípios de Barra do Piraí e Valença, que juntos totalizaram 39 propostas habilitadas no primeiro edital do projeto Conexão Mata Atlântica. A visita teve início com a apresentação dos parceiros locais que apresentaram as atividades relacionadas à atuação local do projeto Conexão Mata Atlântica.


A apresentação contou com a colaboração das equipes locais da Emater-Rio, entre eles o chefe local em Valença, Nelson Pentagna; a chefe local em Barra do Piraí, Daniela Meirelles; o técnico extensionista, Jorge Ubirajara Alves da Silva; além dos gerentes regionais Rafael de Souza Pereira e Thiago Galdino.


O coordenador executivo do projeto Conexão Mata Atlântica, Gilberto Pereira, destacou a importância das parcerias locais e agradeceu a união de esforços na mobilização dos produtores que possibilitou o resultado expressivo do primeiro edital e a continuidade das ações promovidas pelos parceiros. Diversas práticas de adequação ambiental e conversão produtiva incentivadas pelo programa Rio Rural, como os sistemas agroflorestais ou silvipastoris e proteção de nascentes, por exemplo, agora serão recompensadas por meio do Conexão Mata Atlântica.


A integração com o projeto Águas do Rio das Flores foi outro ponto positivo destacado pelo representante da FAA e Técnico Ambiental responsável pelo projeto Águas do Rio das Flores, Rynaldo Santos, que também participou da reunião. O projeto parceiro é coordenado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) em parceria com a FAA, com recursos de medidas de compensação ambiental executados por empresas do estado sob a supervisão da Gerencia Florestal do Inea, e já iniciou a restauração de 277 hectares na bacia do rio das Flores, totalizando cerca de 460 mil mudas plantadas. A bacia teve a maior área de restauração contratada pelo primeiro edital do projeto Conexão Mata Atlântica: mais de 226 hectares.


Ainda em Valença, a missão visitou a propriedade do produtor rural Felício Machado Lima, contemplado pelo projeto Conexão Mata Atlântica por conservar mais de nove hectares de floresta e restaurar seis hectares por meio do programa Água do Rio das Flores. Além da sua propriedade, Felício e os sete irmãos preservam cerca de 120 hectares de floresta fechada herança do pai, que há mais de 50 anos teve consciência da importância de preservar.


“Quando chegamos aqui era só pasto e estava muito degradado. Com muita dificuldade, meu pai recuperou parte da propriedade sozinho. Naquela época ainda não existiam esses incentivos que existem hoje. Mas preservar sempre foi uma preocupação dele. É tanto que deixou essa grande reserva para gente cuidar. Continuamos preservando sempre pensando nele. Era o que ele sempre quis”, conta Felício.


Assinatura do primeiro contrato de PSA


Em Varre-Sai, município com 39 propostas habilitadas, a equipe foi recebida pela equipe local do projeto, parceiros locais e produtores rurais beneficiados no Mercado do Produtor, no centro da cidade. Durante o encontro, o supervisor regional da Emater-Rio no Noroeste, José Antônio Zampier e Ederson Claudio Vieira da Costa, acompanhados da supervisora local, Rosane Maria Bendia Grazioli, ressaltaram a importância dos investimentos do Rio Rural para o desenvolvimento da tradicional cadeira produtiva do café na região.


Também foi ressaltado pelo extencionista Manoel Duarte, o grande potencial ambiental do município, que possui grande concentração de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), atualmente com oito reservas. A reunião contou ainda com a presença do Prefeito Silvestre José Gorine, do Secretário Municipal de Agricultura Antônio Carlos Celebrine e da Secretária Municipal de Meio Ambiente Silvana Viana Ferreira.


Na ocasião, foi realizada a assinatura do primeiro contrato de PSA do projeto no estado do Rio. Representando essa nova etapa do projeto, o produtor rural José de Almeida, de 76 anos, primeiro colocado no ranking de priorização do edital de seleção pública firmou o compromisso como prestador de serviço ambiental do projeto Conexão Mata Atlântica. Segundo o coordenador executivo Gilberto Pereira, “foi muito gratificante e emocionante para todos os envolvidos com o projeto presenciar esse momento simbólico durante a missão do BID”.


O Sítio Xodó, nome da propriedade do senhor José de Almeida, está localizado na microbacia Varre-Sai e será recompensado por preservar mais de 10 hectares de mata atlântica por meio de uma RPPN, pela restauração de mais de um hectare e pela implementação de práticas de conversão produtiva em 0,45 hectare. “Esse resultado é fruto de um longo trabalho e marca o começo de uma nova etapa. Estou andando e pisando nas nuvens de tanta alegria pelo resultado do Conexão Mata Atlântica”, disse emocionado.


Na passagem pela propriedade, a equipe foi recebida com a exposição dos diversos produtos produzidos na propriedade com a ajuda das filhas, que têm investido no desenvolvimento de novos produtos. A família produz algumas delicias da roça como a carne de lata, mel, própolis, vinho, compotas, entre outros produtos artesanais preparados com matéria prima do próprio sítio ou de fornecedores da região. Os recursos do Salto Tecnológico serão destinados para a aquisição de materiais para a construção de um galpão com sala de fermentação e alambique para a produção de vinho e cachaça artesanais.


O roteiro em Varre-Sai encerrou com uma breve visita à Cooperativa dos Produtores de Café do Noroeste Fluminense (Coorpecanol), parceira do projeto que cedeu espaço para o escritório local do projeto Conexão Mata Atlântica. O gerente de comercial da Coopercanol, Nivaldo Soares Cirilo, apresentou as instalações da cooperativa e demonstrou todo o processo de separação do café realizado com maquinário adquirido pela cooperativa com parte dos recursos provenientes do programa Rio Rural.


Associativismo fortalecido

Os produtores rurais marcaram presença em encontro na Associação Comunitária Fortaleza, em Porciúncula.

Na passagem por Porciúncula, município com 38 propostas habilitadas, os representantes do BID e GEF puderam presenciar o forte associativismo das comunidades locais incentivado pelo programa Rio Rural. A missão foi recebida na Associação Comunitária Fortaleza, localizada na microbacia Ouro, por mais de 50 produtores rurais da redondeza, entre eles alguns habilitados no projeto Conexão Mata Atlântica. A exemplo de outros municípios, as comunidades locais se organizaram em Comitês Gestores das Microbacias (Cogem) na busca por melhorias e desenvolvimento socioambiental da região.


Estavam presentes na reunião diversos parceiros locais, presidentes e associados das associações, além do secretário municipal de Agricultura de Porciúncula, Erivaldo Pereira de Souza. Na ocasião, o técnico extensionista da Emater-Rio Ademir Paulo Chrissostomo realizou uma breve apresentação sobre os avanço e conquistas do programa Rio Rural na microbacia Ouro.


Segundo Angela Gripe, presidente da Associação do Murupi, comunidade vizinha que também esteve presente no encontro, os benefícios do projeto Conexão Mata Atlântica já são percebidos na região. “Ganhamos uma equipe excelente, que tem nos tratado muito bem. Muitos, assim como eu e minha irmã, conseguirmos regularizar o CAR (Cadastro Ambiental Rural). Agora estamos ansiosos pela chegada do Salto Tecnológico para instalarmos a internet na nossa associação”.


Marie Ikemoto, coordenadora geral do projeto e do programa estadual de PSA pelo Inea

A coordenadora geral do projeto no estado do Rio, Marie Ikemoto, agradeceu a confiança dos parceiros e dos produtores rurais que acreditaram do projeto. “Como filha de agricultores e ambientalista, fico muito feliz com a realização do projeto. Coordeno o Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais, acompanho várias iniciativas semelhantes no Estado e acredito muito no que estamos fazendo aqui. A integração da valorização da conservação ambiental junto com investimentos para melhoria dos sistemas produtivos é um dos nossos principais ganhos e avanços no Conexão Mata Atlântica. Tivemos um excelente resultado no primeiro edital de seleção pública concluído em 2018, e em 2019 pretendemos dar continuidade e ampliar nossas ações e investimentos.”


O representante do BID, Octavio Damiani, destacou a importância da integração das áreas de agricultura e meio ambiente. “É importante a valorização dos recursos naturais para a sustentabilidade da produção. Por isso esse projeto trabalha para valorizar a parte ambiental e ao mesmo tempo incentiva a produção. O meio ambiente não deve ser inimigo do desenvolvimento”.


Ainda em Porciúncula, a missão visitou a propriedade de Paulo Menin, que junto com os irmãos Samuel e Marcos também foram selecionados pelo projeto Conexão Mata Atlântica. As três propriedades conservam, juntas, cerca de dois hectares de floresta nativa e implementaram de mais de 2 hectares de práticas de conversão produtiva. Os recursos do Salto Tecnológico serão investidos na compra de implementos agrícolas e infraestrutura para melhoria da produção de café. Durante a visita, foram apresentadas algumas melhorias implementadas por meio do programa Rio Rural, entre elas a máquina de secar café que beneficia famílias que vivem da produção de café na comunidade, o plantio em curvas de nível e caixas de contenção para controle da erosão e conservação do solo e água da propriedade.


Floresta protegida com rentabilidade

Família Muruci: Senhor José com os filhos. Atrás, a principal nascente da microbacia.

Seguindo o roteiro, a caravana seguiu para as propriedades das irmãs Maria José, Maria Terezinha*, Maria Aparecida e Maria Lucia Muruci, também em Porciúncula. Juntas, as propriedades conservam uma área remanescente de cerca de 22 hectares, promovem ações de restauração florestal em mais de quatro hectares, além de desenvolverem o sistema agroflorestal em uma área significativa de quase nove hectares.


A principal atividade econômica das propriedades é o café, mas as irmãs estão encontrando novas fontes de renda a partir do manejo sustentável da floresta em sistema agroflorestal, consorciando com espécies arbóreas e frutíferas da Mata Atlântica, hortaliças e flores tropicais vendidas em feiras na cidade e de municípios vizinhos.

*De forma inesperada, a beneficiária Maria Terezinha faleceu no dia 8 de novembro, vitima de uma parada cardíaca. A equipe do Conexão Mata Atlântica lamenta o ocorrido e se solidariza com a família Muruci. Leia a nota em homenagem à produtora rural.

Com os recursos do Salto Tecnológico, serão implementadas ações de recuperação do solo e o sistema silvipastoril, consorcio de árvores nativas, madeireiras e frutíferas com o pasto. Após conhecer de perto as ações realizadas nas propriedades, a família Muruci serviu a toda equipe da missão um almoço especial preparado com ingredientes colhidos na horta e na agrofloresta da família. Os visitantes puderam conhecer e experimentar produtos e quitutes da biodiversidade local.


Empreendedorismo coletivo


Em Cambuci, município com 21 propostas habilitadas, a equipe técnica conheceu a sede da Associação Comunitária Pimentel e Formosia em uma reunião que contou com a presença de parceiros e associados. Estiveram presentes os supervisores da Emater de Italva e Cambuci Wagner Nunes do Nascimento e Maria de Lourdes Correia Bravo; o agente de Desenvolvimento Rural Paulo Saraiva Neto; os extensionistas rurais Edson Guimarães da Rocha e Ademir Peres de Souza; e o gerente técnico da Emater-Rio Carlos Marconi, que apresentou as ações realizadas pelo programa Rio Rural na região.


Os representantes da associação, Benise Freitas e o Virgílio Viter, apresentaram os resultados do processo de estruturação da associação, relatando a importância de projetos que promovam apoio e incentivos aos agricultores e suas associações. “Muitos associados têm executado práticas ambientais e é muito oportuna esta política de valorização e investimento para dar continuidade aos ganhos já obtidos e minimizar os efeitos da degradação ambiental, especialmente da seca”, destacou Benise.


A associação se tornou um exemplo de empreendedorismo coletivo. Para arcar com a contrapartida exigida pelo programa Rio Rural, a associação passou a realizar grandes festas de forró na comunidade que agora fazem parte do calendário festivo da região. Segundo a equipe executora local, a associação também foi uma grande apoiadora do projeto Conexão Mata Atlântica na mobilização e organização da documentação dos produtores rurais da associação.


Última parada da missão

Visita à Cooperativa de Agricultura Familiar de Italva (Copafi)

Com 28 propostas habilitadas, o município de Italva foi o último do roteiro da missão, com a visita às instalações da Cooperativa de Agricultura Familiar de Italva (Copafi), que retomou as atividades há dois anos graças aos incentivos do programa Rio Rural e tem entre os cooperados produtores contemplados pelo projeto Conexão Mata Atlântica.


A missão foi encerrada com a visita ao escritório local, instalado em espaço cedido pelo Centro de Treinamento da Emater-Rio (CENTERJ), que funciona como um espaço para capacitações e eventos, além de hospedagem. A equipe foi recebida pelo diretor do centro, Oto Pinheiro.


Também está instalada no CENTERJ, a primeira Unidade de Difusão e Capacitação (UD) do Sistema Silvipastoril do projeto, implementada para o incentivo às práticas de conversão produtiva. Segundo o coordenador executivo, Gilberto Pereira, a adoção do sistema silvipastoril pode significar um aumento de rentabilidade de mais de 100% por hectare/ano na renda da propriedade rural se comparado ao manejo tradicional do pasto.


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