Desde setembro, o Conexão Mata Atlântica promove a campanha anual de doação de mudas nativas, para dar suporte a produtores rurais atendidos nas áreas de atuação do projeto no estado do Rio de Janeiro. Os produtores também se organizaram e realizaram compras coletivas de mudas nativas e econômicas com os recursos de Pagamentos por Serviços Ambientais. As mudas, tanto as adquiridas quanto as cedidas pela CEDAE e Hortos Florestais do Instituto Estadual do Ambiente - INEA, estão sendo introduzidas pelos produtores em áreas destinadas à restauração florestal e à conversão produtiva por meio de sistemas agrossilvipastoris, que integram árvores à pastagem e à lavoura.
Segundo o coordenador do projeto, Gilberto Pereira, a campanha reforça e incentiva os produtores a concluírem as ações propostas cedendo mudas de excelente qualidade aos agricultores que incentivamos. "Ficamos muito felizes com os produtores do projeto que se mostram ativos e se empenham para terem os melhores resultados. Esses, estão agindo agora, plantando e cuidando de seus sistemas no momento certo, que é o período de chuvas. Afinal de contas, o que todos queremos, além de garantir o pagamento da próxima parcela de PSA, é que os produtores incentivados por tantos anos consigam estabelecer bons sistemas, que colaborem com a sustentabilidade ambiental e econômica das suas propriedades, e que gerem cada vez mais benefícios e serviços ecossistêmicos para toda sociedade”.
Periodicamente os produtores rurais atendidos pelo projeto que precisam revisar suas ações e fazer o replantio de mudas que não obtiveram sucesso nos sistemas, podem procurar os técnicos locais e consultar a disponibilidade de mudas. A maioria delas já foram doadas, mas caso haja demanda, os escritórios locais poderão providenciar mais exemplares. Por isso é muito importante que os produtores manifestem, o quanto antes, o interesse em receber mudas nativas, para que se tenha tempo suficiente até a chegada da nova remessa, aproveitando ainda o período das chuvas para o plantio.
A campanha de doação de mudas em Valença e Barra do Piraí foi um sucesso. Em uma semana, as duas mil mudas disponíveis para doação já foram todas entregues aos produtores que se anteciparam para aproveitar o período das chuvas e não deixar os ajustes para a última hora. O produtor Lourival Barreto, do distrito de Ipiabas, em Barra do Piraí, é um deles.
O agricultor e sua vizinha Liana, que vêm desenvolvendo em conjunto cerca de 13 hectares de sistemas silvipastoril em duas áreas contratadas, estão dedicados para cumprir corretamente as ações previstas. Há um ano e meio eles fizeram o primeiro plantio com aproximadamente 670 mudas, mas diferentes situações se apresentam como dificultadores para sucesso e consolidação das ações.
As elevadas temperaturas, os repetidos períodos de secas prolongadas, o constante ataque das formigas cortadeiras, a condição de degradação do solo associado ao consórcio com capim braquiária (área de pastagem), são exemplos desses desafios que podem dificultar e prejudicar o desenvolvimento e estabelecimento de mudas que estão inseridas no sistema de Conversão Produtiva, no caso deles o silvipastoril.
Ainda assim, sabendo da importância ambiental e econômica desta ação de arborização e recuperação de pastagens, os produtores estão empenhados em manter e continuar aplicando essa prática. Pela campanha de doação de mudas deste ano, eles receberam cerca de 250 mudas para executar os plantios necessários e corrigir as falhas no sistema, tarefa que estão concluindo neste mês de dezembro.
O senhor Lourival conta que dá trabalho realizar o plantio e a manutenção do sistema, pois a área é muito íngreme, mas reconhece a importância e benefícios. “Eu encho alguns sacos com muda e adubo coloco na garupa do cavalo e vou até lá em cima do morro. Planto tudo e se preciso volto e carrego mais. Dá trabalho, mas sem trabalho não se consegue nada”.
Segundo ele, o clima está muito agressivo nos últimos tempos e as árvores vão dar mais conforto térmico para o rebanho. “O sol aqui no campo está marcando temperaturas muito altas e o gado sofre muito. Essas árvores vão ajudar muito com sombra para os animais. Sem falar que a gente vai poder usar os benefícios dessas plantas”, reflete o produtor que mantém a área reservada até que as mudas estejam maiores e possa receber o gado na pastagem.
Ainda há mudas disponíveis no escritório do projeto em Varre-Sai e Porciúncula, – entre elas as espécies juçara, tarumã, pau-formiga, jenipapo, ipê, ingá, jatobá, saboneteira –, mas a procura tem aumentado na última semana. Além das mudas cedidas pelo Inea e Cedae, um pequeno grupo de produtores da região se organizou e adquiriu mais 400 mudas nativas para incrementar os sistemas produtivos.
Para os produtores de Italva e Camuci também ainda há mudas à disposição, mas não muitas. Entre as espécies disponíveis estão a sete-cascas, aroeira, pitanga, jenipapo, jacarandá, cutieira, araçá, goiaba, urucum, ingá, saboneteira e pau-ferro.
O diferencial deste ano é que boa parte das mudas que estão hoje no berçário do escritório de Italva, foram produzidas pelo Horto Santos Lima, em Santa Maria Madalena, a partir de sementes da espécie sete-cascas coletadas pela própria equipe técnica local do projeto Conexão Mata Atlântica. As sementes foram cedidas ao horto, que as germinou e produziu as mudas.
Se você for um produtor beneficiado pelo projeto e tiver interesse, entre em contato com equipe local para garantir as suas mudas nativas.
Mais de 61 mil mudas plantadas
Desde 2017, somando as mudas doadas e as compras coletivas, mais de 61 mil mudas já foram plantadas pelos produtores com incentivo do projeto Conexão Mata Atlântica.
As mudas cedidas pela CEDAE são fruto do projeto Replantando Vidas, que desde o início já concedeu ao Conexão Mata Atlântica mais de 36 mil mudas de diversas espécies nativas. Os Hortos Florestais do Inea também são parceiros importantes e já cederam mais de 8 mil mudas desde o início do projeto.
As mudas são doadas para cada unidade local do projeto e armazenadas no berçário, local provisório onde são cuidadas pelos técnicos até a retirada pelos produtores.
Compras coletivas
Alguns produtores atendidos pelo projeto estão investindo os recursos de Pagamentos por Serviços Ambientais para aquisição de mudas para enriquecimento e consolidação dos sistemas em suas áreas. Com apoio técnico do projeto, eles se organizaram e já realizaram a compra coletiva de mais de 17,5 mil mudas desde 2021.
Essa ação tem contado com o suporte dos técnicos do projeto e técnicos locais da Emater-Rio, que identificam fornecedores e apoiam técnica e administrativamente as aquisições. Com isso, os produtores puderam reduzir os custos com o transporte das plantas, além de garantir a variedade e boa qualidade das mesmas.
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