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Foto do escritorConexão Mata Atlântica RJ

Fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis avança com oportunidades para novos mercados

O projeto Conexão Mata Atlântica, em parceria com o Sebrae, está realizando uma série de ações para conectar cadeias produtivas sustentáveis a novos mercados. A primeira etapa deste trabalho envolveu a realização de um diagnóstico sobre a produtividade e comercialização de produtos com valor ambiental agregado, resultado de pesquisa que envolveu 189 produtores beneficiados pela iniciativa em seis municípios das regiões do Noroeste e Médio Paraíba, no estado do Rio de Janeiro.


A pesquisa identificou os perfis produtivos e de comercialização, destacando as boas práticas conservacionistas provedoras de serviços ambientais e que geram diferentes produtos e alimentos à sociedade. Além disso, foram analisados os principais gargalos e oportunidades para o desenvolvimento e sustentabilidade dos negócios.

Reuniões locais para apresentação do diagnóstico das cadeias produtivas sustentáveis em Italva, Valença e Varre-Sai. Fotos: Daniella Fernandes


Dando continuidade ao trabalho, também foi realizado o levantamento e análise dos mercados atuais e potenciais para os diferentes produtos e produtores incentivados pelo projeto Conexão Mata Atlântica. Serão promovidos encontros de aproximação dos agricultores interessados com as cooperativas locais, os potenciais compradores de produtos e também as instituições municipais que operam o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Além disso, para os produtores que possuem produtos industrializados e regularizados, estão sendo oferecidas oportunidades de participação, exposição e comercialização de produtos em eventos promovidos pelo projeto e pelo Sebrae.


A iniciativa busca consolidar as ações incentivadas e apoiar a continuidade do mecanismo de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) como incentivo à conservação e restauração da Mata Atlântica. “O projeto vem trabalhando de maneira complementar à esta atividade, buscando formalizar ações de reconhecimento da identidade do agricultor agroecológico e prestador de serviços ambientais, além de seguir no apoio ao desenvolvimento das políticas ambientais florestais do estado, realizando ações de planejamento e modelagem para ganho de escala e ampliação de sua atuação”, afirma o coordenador executivo do projeto, Gilberto Pereira.


Resumo do diagnóstico

Na região Noroeste, a pesquisa abordou produtores de Varre-Sai, Porciúncula, Italva e Cambuci. Em Italva e Cambuci, um dos destaques do diagnóstico, além do perfil familiar predominante, foi a expressiva produção de leite em sistemas de pastagens recuperadas e bem manejadas, consorciados com árvores nativas da Mata Atlântica. Já em Varre-sai e Porciúncula, foram destaque a produção de cafés em sistemas agroflorestais, além da vocação para produtos da biodiversidade da Mata Atlântica e o turismo rural.


No Médio Paraíba, nos municípios de Valença e Barra do Piraí, alguns dos destaques do diagnóstico, além do perfil familiar predominante, foram a produção de leite, a vocação para pecuária de corte e a produção de banana.


Em todas as regiões e propriedades avaliadas foi constatado potencial para participação em programas de aquisições institucionais, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE, e novos mercados que valorizem produtos de propriedades que prestam serviços ambientais, oportunidades de incremento da renda.


A pesquisa foi realizada por consultores do Sebrae que visitaram todas as propriedades selecionadas para coleta de dados com os produtores através de questionário. Os dados gerados proporcionaram uma visão macro sobre as práticas sustentáveis e as necessidades dos produtores rurais das três microbacias atendidas pelo projeto Conexão Mata Atlântica.


O diagnóstico reuniu dados relacionados à Produção, Comercialização, Logística de Escoamento e Tecnologia, Práticas Sustentáveis e outros dados relevantes sobre o grupo de produtores contemplados pelo projeto e selecionados para a pesquisa.


Valorização e incremento da renda

Os resultados do diagnóstico foram apresentados aos produtores em reuniões locais, que também receberam uma análise detalhada dos empreendimentos rurais com recomendações para aproveitar as oportunidades incentivadas pelo projeto na prática.

Fábio Alves, de Porciúncula. Foto: Luian Valadão

O cafeicultor Fábio Alves, do Sítio Murupi, considerou o diagnóstico um passo importante para a valorização dos cafés agroflorestais produzidos em sistemas que incluem árvores na lavoura, incentivados pelo projeto na região.


“Hoje temos muitos produtores incentivados pelo projeto produzindo um café com responsabilidade ambiental e social. A gente precisa se unir e fortalecer o cooperativismo reunindo essa produção diferenciada. Já entendia a importância de investir no marketing do produto, e o diagnóstico veio reforçar essa necessidade. Já estou buscando melhorar a embalagem do meu café para conseguir explorar novos mercados. E o reconhecimento do projeto das práticas ambientais que desenvolvemos ajuda muito nessa valorização”.


A produtora Alcemar Silva e o companheiro Carlinhos, de Italva, desenvolvem um sistema agroflorestal incentivado e reconhecido pelo projeto Conexão Mata Atlântica. Na pequena propriedade ela produz aipim, banana, hortaliças, laranja e pokã e outras variedades de alimentos sem uso de agroquímicos, consorciados com árvores nativas. Ela sabe que esse é um diferencial que agrega valor ambiental e, por isso, seu produto tem mais valor. “Tenho vendido para quitandas aqui da região. As pessoas esperam nosso produto, porque sabem que não tem agrotóxico. É mais saudável”.

Alcemar e Carlos, de Italva. Foto: Luian Valadão

O diagnóstico, segundo ela, vai ajudar o produtor a direcionar melhor seu negócio e aproveitar as oportunidades para a crescente valorização de produtos mais sustentáveis. “Incentiva a gente a continuar e melhorar, gostei muito. A gente ganha mais experiência, aprende o que a gente deve e não deve fazer e como melhorar as vendas. Não vendo para a merenda escolar ainda, mas em breve espero já poder fornecer para eles, que valorizam mais nosso produto”.


John Israel, de Valença. Foto: Gustavo Mahé

O produtor John Israel, do Sítio Paraíso, em Valença, é reconhecido pelo projeto pela produção de alimentos por meio de sistema agroflorestal. Segundo ele, que já está com seu sistema produzindo, o próximo passo é ter seu produto com valor ambiental reconhecido pelo mercado. John ressalta que a venda institucional para a merenda escolar é um caminho possível, mas que espera que no futuro, assim como são para os produtos orgânicos, que os produtos agroflorestais também sejam reconhecidos e valorizados nas compras institucionais pelos governos. “Eu já forneço para a merenda escolar aqui em Valença. Acho que seria viável incluir os SAFs dentro desse contexto de produtos com maior valor agregado, pois se trabalha ou se tenta replicar o que acontece na natureza”.


Oportunidades para produtos sustentáveis: mercados institucionais, ciclos curtos e produtos da biodiversidade


Os resultados indicam diversas oportunidades para desenvolver a produção sustentável e explorar novos canais de comercialização para a produção local. A responsabilidade ambiental agrega qualidade, saúde e valores aos produtos e geram diversas oportunidades, para os produtores assim como para instituições e empresas que demandam alimentos e querem promover o desenvolvimento alinhadas às demandas de consumo sustentável, colaborando com a criação de opções de negócios, emprego, renda e novos mercados.


"Identificamos que existe uma grande diversidade de produtos com potencial de se constituir em oportunidades locais de geração de emprego e renda. Esses produtos têm qualidade e valores agregados muito positivos e desejados, especialmente devido ao seu perfil familiar e artesanal e, principalmente, pelo valor ambiental das propriedades onde são produzidos, o que é comprovado pelo reconhecimento pela prestação de serviços ambientais à sociedade do estado no âmbito do projeto Conexão Mata Atlântica”, afirma Gilberto.

Carlos Marconi Resende, diretor técnico da Emater-Rio no Noroeste, e Gilberto Pereira, coordenador executivo do projeto. Foto: Daniella Fernandes

Segundo o diretor técnico da Emater-Rio no Noroeste, Carlos Marconi Resende, embora tenha avaliado apenas produtores atendidos pelo projeto Conexão Mata Atlântica, o diagnóstico é um recorte importante da vocação das regiões analisadas e mostra um potencial que precisa ser mais explorado. “O mercado já reconhece produtos com valor ambiental agregado e os produtores do Conexão Mata Atlântica já possuem esse diferencial. Precisamos fortalecer cada vez mais as cadeias produtivas sustentáveis, o que a Emater e o Conexão Mata Atlântica já vêm trabalhando em conjunto”.


O estudo de mercado deixou clara a importância dos programas de compras institucionais, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e programas de outras instituições estaduais e federais, para grupos com os perfis incentivados pelo projeto. Também foram levantadas diferentes oportunidades locais (ciclos curtos de comercialização), a partir da construção de um banco de dados com contatos relacionados a potenciais compradores de produtos identificados nas proximidades das diferentes propriedades do projeto.


Especialmente em relação aos produtos de biodiversidade, foram destacados potenciais significativos e que podem alavancar oportunidades futuras como as sementes florestais, a Aroeira pimenta-rosa, a polpa de Juçara, frutas, madeiras e essências nativas, contudo com um caminho importante de regularização, aumento de escala e estruturação para produção e beneficiamento para se viabilizar ações de mercado mais consolidadas.


A necessidade de fortalecimento de grupos organizados e cooperativas de produtores para ampliar a capacidade e qualidade dos produtos, permitindo novas oportunidades e benefícios, foi outra constatação importante. Exemplos de sucesso foram identificados, e estão sendo apoiados pelo projeto nas ações seguintes, destacando-se a Coopercanol em Varre Sai, a Cooperval em Valença e a Coopafi em Italva.


“É muito importante perceber como é indispensável o trabalho de fortalecimento de negócios e mercados que valorizem alimentos e produtos oriundos de propriedades rurais com valores familiares, ambientais e agroecológicos. Precisamos apoiar aquecendo as oportunidades para produtos que são produzidos sem agrotóxicos, por produtores próximos, de nossos municípios, e que produzem aplicando práticas que promovem a recuperação ambiental, sem desmatamento ou queimadas. Somente assim, valorizando e incentivando quem produz com qualidade local veremos maior sustentabilidade, saúde e serviços ambientais, conclui Gilberto.


Próximas agendas para aproximação

A próxima etapa do trabalho de valorização das cadeias produtivas sustentáveis será a realização de uma agenda de aproximação dos produtores com potenciais compradores de produtos com valor ambiental agregado com foco no contexto e na realidade trabalhada.


Se você é produtor atendido pelo projeto, confira a agenda dos próximos encontros na sua região e não perca essa chance. Os convites com os locais e os links de acesso às reuniões on-line serão enviados pelos técnicos locais próximo às datas.


Seminário Oportunidades de Mercado Conexão Mata Atlântica (Presencial)

Evento para aproximação de produtores para cooperativas e mercados institucionais municipais

  • UEL Valença e Barra do Piraí Dia 14/11, às 15h

  • UEL Varre-Sai e Porciúncula Dia 30/11, às 17h30

  • UEL Italva e Cambuci Dia 01/12, às 15h30


Seminário Produtos de Valor Socioambiental - Conexão Mata Atlântica (Online)

Evento oportunidade de aquisição de produtos para potenciais compradores e produtores

  • Região Noroeste - Região Hidrográfica IX (VSO e VGC) Dia 22/11/23, às 17h

  • Região Centro Sul - Região Hidrográfica III (RDF) Dia 23/11/23, às 17h



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