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Foto do escritorConexão Mata Atlântica RJ

Dia da Mata Atlântica: preservar para produzir


Hoje, 27 de maio, é dia de celebramos um dos biomas mais ricos e importantes do mundo: a Mata Atlântica. Ela abriga milhares de espécies vegetais e animais, que nos oferecem os mais diversos serviços e produtos da biodiversidade, essenciais para a manutenção do meio ambiente e da vida humana. A floresta em pé tem um valor imensurável. Ela provê a nossa água, fornece condições para a produção de alimentos, contribui para a regulação do clima, melhora a qualidade do ar, entre tantos outros benefícios.


A biodiversidade do bioma é única. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, são mais de 20 mil plantas nativas (35% das espécies existentes no Brasil), muitas delas endêmicas, ou seja, não existem em nenhum outro lugar do mundo. A Mata Atlântica também é habitat para mais de duas mil espécies animais, que se alimentam de seus frutos e espalham sementes, exercendo um papel essencial na engrenagem que mantêm o equilíbrio desse conjunto de ecossistemas. São mais de 850 espécies de aves, 370 de anfíbios, 200 de répteis, 270 de mamíferos e 350 de peixes, sem falar nos insetos e outros animais invertebrados.

Sr. Carlos Martins e Maria das Graças, produtores beneficiados pelo projeto, trabalhando na produção agroecológica. Foto: Gustavo Stephan

A produção de alimentos também depende do equilíbrio dos ecossistemas que fazem parte do bioma. As florestas são responsáveis pela produção e abastecimento de água, contribuem para a regulação do clima; reduzem os riscos de enchentes e desastres ambientais; aumentam a fertilidade e proteção do solo, entre vários outros benefícios. A floresta fornece, ainda, diversos produtos e serviços com grande potencial socioeconômico, como madeira, fibras, óleos, sementes e remédios, podendo ser uma importante fonte de renda para pequenos produtores rurais a partir do manejo sustentável e legal.


Não só por suas belas paisagens e riquezas naturais, mas também pela importante contribuição para a cultura e identidade brasileira, a Mata Atlântica é reconhecida como Patrimônio Natural da Unesco (Organização das Nações Unidas Para a Educação, a Ciência e a Cultura).


No entanto, embora o bioma ainda continue sendo um dos mais ricos em biodiversidade do mundo, a maior parte das espécies animais e vegetais em risco de extinção está na Mata Atlântica. O desmatamento, a exploração indevida dos recursos naturais e a caça predatória são as principais ameaças.


Desmatamento


A Mata Atlântica brasileira se estende do litoral sul Baiano até o litoral do Rio Grande do Sul, extenso território no qual vivem mais de 72% da população do país. No estado do Rio de Janeiro, que está 100% inserido no bioma, grande parte da floresta nativa foi desmatada ao longo dos anos para diferentes usos, como ocupação urbana e atividades econômicas, principalmente a pecuária.


O Rio de Janeiro é um dos estados com maior percentual relativo de cobertura de Mata Atlântica, dispondo de cerca de 1,3 milhão de hectares de vegetação nativa remanescente, correspondente a pouco mais de 30% do território do estado, segundo mapeamento elaborado pelo INEA para o ano de 2018. Dessas áreas, cerca de 53,8% encontra-se sob regime de proteção ambiental (Unidades de Conservação, Reserva Legal), e aproximadamente 46,2% está localizada fora de áreas protegidas, e, em sua maioria, em imóveis rurais privados.


Desde 2010, o Rio de Janeiro integra a lista dos estados que beiram o desmatamento zero, ou seja, desflorestamento inferior a 100 hectares anuais (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). O dado indica que atividades voltadas para coibir o desmatamento, como monitoramento da vegetação nativa por satélite realizada pelo projeto Olho no Verde, incremento das ações de fiscalização e autuação ao desmatamento ilegal, somadas às ações para a conservação, como a criação, ampliação e gestão de áreas legalmente protegidas, têm trazido resultados positivos para a proteção do bioma no estado.


Cerca de 18 campos de futebol do bioma foram desmatados entre 2017 e 2018 no estado, segundo a Fundação SOS Mata Atlântica. Em paralelo, as demandas por recursos naturais continuam crescendo e a recuperação do bioma demanda tempo e investimento. Essa realidade aponta a importância de esforços contínuos para proteção do bioma a partir de iniciativas e políticas públicas que promovam a manutenção dos serviços ecossistêmicos da Mata Atlântica.


Apesar das perdas de remanescentes florestais, houve um saldo positivo em relação a variação da cobertura de vegetação nativa total no estado ano de 2015 para 2018: observou-se um aumento de cerca de 11 mil hectares de vegetação nativa (0,3%), segundo o mapeamento recente elaborado pelo INEA. Umas das possíveis causas desse aumento é o processo de regeneração natural no entorno de remanescentes florestais.


Conexão em ação


O projeto Conexão Mata Atlântica vem atuando desde 2017 em áreas estratégicas no estado do Rio de Janeiro com o objetivo de contribuir para a preservação e recuperação do bioma na área rural. Já foram investidos mais de R$1,8 milhão para recompensar 162 produtores rurais, por meio do mecanismo de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA).

Foram contratados, até o momento, mais de 2.000 hectares (equivalente a cerca de 2 mil campos de futebol) com ações de conservação de florestas nativas, restauração de áreas degradadas e adoção de práticas produtivas ecológicas, como os sistemas silvipastoril e agroflorestal. Com os recursos anuais de PSA, o produtor rural investe em melhorias no negócio rural, impulsionando o desenvolvimento socioambiental.


Embora ainda seja muito cedo para contabilizar resultados, os produtores rurais contemplados pelo projeto têm compartilhado impressões animadoras sobre a recuperação de áreas antes degradadas. “Depois que começarmos a preservar a floresta, a biodiversidade, a água e a qualidade do solo vem melhorando muito. É de extrema importância a gente preservar a natureza. Sem ela a gente não vive e não produz”, Luiz Carvalho, produtor rural de Italva, que conservou uma área de mais de 2 hectares de floresta nativa e desenvolve um sistema agroflorestal, no qual produz produtos agroecológicos.


“Os proprietários rurais têm uma importante contribuição para a preservação da Mata Atlântica no nosso estado, pois quase metade das nossas florestas estão fora de áreas protegidas, e em sua maioria, em imóveis rurais privados. Com o PSA, premiamos e reconhecemos os proprietários rurais que contribuem para preservar esse patrimônio, ao conservarem suas florestas, recuperarem suas encostas, nascentes e matas ciliares, e ao adotarem boas práticas ecológicas de produção”, afirma Marie Ikemoto, coordenadora do projeto e gerente de Gestão do Território e Informações Geoespaciais do Inea.


O objetivo é expandir o número de produtores atendidos a partir da seleção do segundo edital, que teve as inscrições prorrogadas até dia 17 de julho (ver edital). A meta é alcançar o total de 2.500 hectares de área manejada e investir cerca de R$ 7 milhões em pagamentos por serviços ambientais, até 2023. O projeto contempla microbacias localizadas em seis municípios fluminenses: Italva, Cambuci, Varre-Sai, Porciúncula, Valença e Barra do Piraí.


No estado do Rio, o projeto é executado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEAS), por meio do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), e pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Pesca (SEAPPA). Financiada pelo Fundo Global do Meio Ambiente (GEF), por meio do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID), a iniciativa também é realizada nos estados de São Paulo e Minas Gerais.


Como posso ajudar a preservar a Mata Atlântica?


Mesmo que pareçam pequenas, algumas ações são muito valiosas para a redução das ameaças ao bioma Mata Atlântica. Confira, abaixo, algumas ações ambientais que você pode adotar na sua propriedade, além de incentivar amigos e outros produtores rurais a cuidarem da Mata Atlântica e garantir os benefícios que ela oferece a toda a sociedade.


- Não desmatar e conservar a floresta nativa, que deve ser cercada e protegida contra ameaças, como o fogo;

- Restaurar áreas desmatadas por meio da regeneração natural ou reflorestamento de espécies nativas;

- Otimizar o uso de áreas produtivas com a integração de árvores nativas por meio de sistemas como a agrofloresta e o silvipastoreio;

- Denuncie o comércio ilegal de animais silvestres e seu aprisionamento;

- Não extrair madeira, frutos e outros produtos nativos de forma ilegal;

- Compre apenas produtos feitos de madeira certificada;

- Não jogar lixo na floresta;

- Não compre plantas nativas da Mata Atlântica extraídas ilegalmente;

- Valorize empresas que respeitam o meio ambiente;

- Denuncie o comércio ilegal animais silvestres.

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