top of page
Foto do escritorConexão Mata Atlântica RJ

Estudo do Inea aponta maior pressão sobre a mata atlântica no Médio e Baixo Paraíba do Sul

Atualizado: 16 de jun. de 2020


Embora o volume total de florestas nativas no estado do Rio de Janeiro tenha se mantido relativamente estável entre 2007 e 2018, estudo desenvolvido pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) aponta maior pressão sobre a mata atlântica nas regiões hidrográficas do Médio Paraíba do Sul e Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana, áreas de atuação do projeto Conexão Mata Atlântica. Ou seja, há maior risco de perda de função ecológica e de provisão de serviços ambientais, o que reforça a importância de ações de conservação e restauração das florestas, como as desenvolvidas pelo projeto.

De 2015 a 2018, a região do Baixo Paraíba do Sul apresentou menor ocorrência de vegetação nativa, com apenas 10% da cobertura original (155 mil hectares), e com grande grau de fragmentação. No mesmo período, se observou maior perda de 450 hectares de vegetação na região do Médio Paraíba Sul, em comparação a outras regiões do estado, principalmente em vegetação primária ou secundária em estágio médio/avançado de regeneração. Os dados seguem tendência observada em mapeamentos de anos anteriores realizados pelo Inea.

O projeto Conexão Mata Atlântica atua em seis microbacias fluminenses, áreas prioritárias para a manutenção dos serviços ecossistêmicos da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, principal manancial de abastecimento da região Sudeste do país. Na região do Baixo Paraíba do Sul, o projeto atende produtores rurais nos municípios de Varre-Sai, Porciúncula, Italva e Cambuci. Já no Médio Paraíba do Sul, as ações do projeto atendem agricultores que adotam ações ambientais nos municípios de Valença e Barra do Piraí.


Vegetação nativa no estado - O estudo realizado pelo Inea apresenta uma análise completa da evolução e tendências da cobertura vegetal e uso do solo no estado do Rio. O monitoramento, realizado com imagens de satélite de média resolução, faz um comparativo entre os anos de 2007, 2013, 2015 e 2018, indicando o estado de regeneração ou perda de vegetação nativa, além de outros usos do território como ocupação urbana, industrial e agropecuária.

O volume de floresta nativa total no estado do Rio de Janeiro manteve-se relativamente estável entre 2007 e 2018, ocupando cerca de 30% da área total do território fluminense (1,3 milhão de hectares). Em 2013, em relação ao dado base coletado em 2007, o estado apresentou perda de 2% de vegetação nativa. Entre 2013 e 2015, a taxa de desmatamento caiu de 2% para 0,5%.

Apesar da perda de remanescentes florestais nos dois períodos, houve um saldo positivo em relação a cobertura de vegetação nativa total no estado entre 2015 e 2018, com o aumento de cerca de 11 mil hectares de floresta (0,24% a mais). Essa evidência está relacionada, principalmente, ao aumento de vegetação secundária inicial, a maior parte concentrada próxima aos grandes fragmentos na cadeia de montanhas da Serra do Mar e maciços costeiros.

Estudos semelhantes, desenvolvidos por outras instituições e organizações não governamentais da área ambiental, seguem as mesmas tendências apresentadas pelo estudo do Inea, comprovando a baixa variação da área de cobertura vegetal do estado ao longo do período. No entanto, o mapeamento elaborado pelo instituto considera diferentes estágios de vegetação (primária e secundária em estágio inicial e médio avançado de regeneração), englobando as variedades de fitofisionomias do bioma Mata Atlântica (florestas ombrófilas e estacionais semi-deciduais, manguezais, apicuns, restingas e comunidades relíquia).

Outras regiões e usos - Embora o estudo traga evidências de grande perda de vegetação nas regiões do Médio e Baixo Paraíba do Sul, ele também traz boas notícias para a preservação de alguns remanescentes florestais no estado. Como a Região Hidrográfica da Baía da Ilha Grande, que em 2018 constituiu a porção mais conservada do estado, apresentando 86% de cobertura florestal.

O Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio, que possui a maior diversidade florística do litoral do Brasil (664 espécies de plantas em 188 famílias) e registrou uma grande perda de floresta entre 1984 a 2016 (12%), também apresentou redução do desmatamento entre 2015 e 2018. A redução pode estar associada à criação das Unidades de Conservação Parque Costa do Sol, APA Massambaba, APA da Serra de Sapiatiba e APA Pau Brasil, que protegem este território.

O estudo apontou, ainda, que embora as áreas de campo ou pastagem sejam predominantes no estado, ocupando mais da metade do território, elas se mantiveram estáveis nos últimos anos. Em 2007, correspondiam a 50,2% do território. Em 2013, sofrem um decréscimo de 1%, e em 2015 a 2018, se estabilizam em aproximadamente de 51,8% do total de área do estado.


Água - Outro aspecto importante, evidenciado pelo mapeamento, foi a redução dos níveis de água dos corpos hídricos causada pelas oscilações climáticas que ocorreram no período monitorado. O fenômeno teve destaque entre 2014 e 2015, período em que os níveis de média de chuva foram muito abaixo das médias históricas. Essa variação é representada pela classe de uso “dinâmica fluvial lagunar”, criada especialmente para este fim, em decorrência das alterações observadas no monitoramento do uso e cobertura entre os anos de 2015 e 2018.

Políticas ambientais - Entre os avanços das políticas ambientais no Estado do Rio de Janeiro está a ampliação das áreas protegidas: cerca de 53,8% da vegetação nativa no estado encontra-se sob regime de proteção ambiental. Atualmente, há 519 Unidades de Conservação federais, estaduais, municipais ou privadas no estado, que definem um regime de proteção ambiental para cerca de 709 mil hectares de vegetação nativa.

Porção significativa da Mata Atlântica (46,2% ) está localizada fora de áreas protegidas, e, em sua maioria, em imóveis rurais privados, o que destaca a importância de políticas de conservação aliadas ao desenvolvimento rural sustentável. Nesse sentido, o mecanismo de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) tem se mostrado uma estratégia relevante.

Atualmente, há nove projetos de PSA implementados em território fluminense, beneficiando 18 municípios e mobilizando investimentos de mais de R$ 40 milhões. Até o momento, o mecanismo de PSA já garantiu, no estado do Rio de Janeiro, a conservação de 6.578 ha de Mata Atlântica e a restauração ecológica de outros 907 ha de remanescentes florestais em áreas estratégicas para a proteção dos recursos hídricos e da biodiversidade, com o envolvimento de 318 proprietários rurais.

Sobre o estudo - O mapeamento é realizado na plataforma Google Earth Engine, que compila imagens de satélite de diversas fontes e apresenta alta capacidade de processamento em volume dados. Essa ferramenta possibilitou realizar os procedimentos de forma mais ágil pelos técnicos do Inea.


O mapeamento completo e os dados gerados no estudo estão disponíveis para visualização e download no Portal GeoInea (www.inea.rj.gov.br/portalgeoinea), canal de compartilhamento de geoinformações do instituto.

Comments


bottom of page