O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) deu início, este mês, ao desenvolvimento de metodologia para o monitoramento das áreas de atuação do Conexão Mata Atlântica no Rio de Janeiro, acompanhamento das ações e seus impactos, com foco no estoque de carbono.
O monitoramento, realizado a partir de imagens geoespaciais, vai avaliar a expectativa de retorno dos serviços ambientais a partir das ações incentivadas pelo projeto. A primeira missão do mapeamento foi realizada em Valença, em três propriedades contempladas pelo projeto. Foram captadas imagens com drone RTK, capaz de corrigir em tempo real dados com informações de GPS de alta precisão.
Os dados espaciais gerados a partir das imagens serão modelados pela plataforma EX-ACT (Ex-Ante Carbon-balance Tool), ferramenta desenvolvida pela FAO para calcular o impacto de projetos de desenvolvimento agrícola e florestais nas emissões dos gases do efeito estufa e no sequestro de carbono. “A partir das imagens contínuas das propriedade, vamos criar uma modelagem considerando cada prática e as particularidades das regiões”, explica Paulo Fevrier, geógrafo analista ambiental do Inea.
A tecnologia de infravermelho do drone permitirá avaliar o estado e tipo de vegetação (espécie, idade, tamanho, quantidade) em escala muito aproximada (centímetros). “Existe um ciclo de captura e liberação de carbono. Ao mesmo tempo em que as culturas estocam carbono, o manejo do solo e a decomposição das plantas liberam. A quantidade de clorofila da vegetação, que pode ser medida a partir das imagens, indica as condições da planta.
Dependendo da espécie, isso pode indicar que a ação não está sendo bem implementada, que pode fazer parte do próprio ciclo da planta ou tem relação com o clima da região. É preciso considerar todas essas variáveis para calcular o resultado das ações”, afirma Paulo.
Paulo adianta que o monitoramento prevê o acompanhamento das áreas do projeto duas vezes por ano, até a conclusão do projeto, para que seja possível comparar os resultados considerando as diferenças entre estações do ano. “A ideia é desenvolver um modelo para monitoramento que possa ser aplicado em outros projetos do Inea, tanto para medir carbono, como as ações de restauração e conservação”.
Segundo Mariana de Beauclair, chefe do Serviço de Gestão Ecossistêmica do Inea, esse monitoramento vai complementar o que está sendo realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), responsável pelo monitoramento das ações do projeto a nível nacional. “O monitoramento realizado por drones é importante para acompanhar de forma sistemática a execução e desenvolvimento das ações de conservação, restauração e conversão produtiva estimuladas pelo projeto no contexto das propriedades rurais. A análise dessas informações nos ajudará a entender alguns fatores que influenciam esse desenvolvimento das ações e suas resultantes ambientais”.
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