Produtores rurais, parceiros e técnicos do projeto Conexão Mata Atlântica no estado do Rio de Janeiro participaram, nos dias 02 e 04 de dezembro, de visita técnica à Unidade de Difusão e Capacitação de Sistema Silvipastoril, localizada no Centro de Treinamento da EMATER-RIO (Centerj), em Italva, para capacitação em tratamento de madeira na propriedade rural. A capacitação, promovida pelo Conexão Mata Atlântica em parceria com a EMATER-RIO, contou com a participação de 30 pessoas, incluindo produtores rurais de outras áreas de atuação do projeto.
O curso, ministrado pelo técnico agrícola e florestal Silvio Nogueira de Andrade, abordou desde conceitos teóricos sobre as propriedades e tipos de madeira, o passo a passo para o tratamento de mourões, bem como a necessidade de manejo florestal para evolução do sistema e maior produtividade pecuária-floresta.
Durante o curso, foi ressaltada a importância do controle do efeito do arranjo de árvores sobre a incidência de sombra na pastagem. A presença de árvores no pasto contribui para a melhora do microclima, bem-estar animal, conservação do solo e atração de biodiversidade, porém pode prejudicar a produtividade da pastagem consorciada em caso de excesso de sombra.
Atividades práticas
Os produtores participaram de atividades práticas para manejo do sistema – desgalha, poda, desbaste, corte e rebrota – e manuseio dos produtos usados para garantir a preservação da madeira. A atividade em campo envolveu o corte de alguns indivíduos arbóreos, selecionados estrategicamente para aprimorar a evolução do sistema, contribuindo para a entrada de luz solar.
Esse foi o primeiro manejo e exploração florestal do sistema silvipastoril da Unidade Demonstrativa do projeto desde sua implantação, há quatro anos. O sistema, que já está bem evoluído, integra linhas de árvores nativas e eucalipto à pastagem. No total, foram extraídas 15 árvores do sistema que, após cortadas e divididas, foram transformadas em 50 mourões. Uma média de 3 a 4 mourões por árvore, com cerca de 11 cm de diâmetro cada.
Segundo o instrutor Silvio Nogueira de Andrade, cultivar, explorar de forma legal e tratar a madeira é uma excelente oportunidade para o produtor rural, que pode usá-la na manutenção da propriedade. “O custo do mourão já tratado está alto e ao invés de usar uma madeira sem tratar, que duraria apenas um ano, dois anos, com esse tratamento podemos aumentar a vida útil da madeira para cerca de dez anos”, afirma.
O instrutor ressaltou que é indispensável tomar todos os cuidados com a segurança durante atividades de poda e corte de árvores, bem como de manuseio de aditivos químicos, sendo obrigatório o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e maquinário adequado.
Viabilidade e rentabilidade do sistema
Os sistemas agroflorestais – que integram árvores às áreas produtivas – podem ser uma oportunidade para para diversificação da produção e incrementar a renda do produtor rural a partir da exploração de madeira de forma sustentável. A madeira pode ser comercializada ou ainda destinada à produção de mourões para uso na própria propriedade, em isolamentos de áreas, por exemplo.
Para o produtor rural, Alessandro Ambrósio, de Valença, que participou do curso, o conhecimento adquirido vai ajudá-lo a planejar melhor o manejo e exploração do sistema silvipastoril que ele começou a implantar. Em uma área de cerca de 3 ha, o produtor está incluindo linhas de árvores com, aproximadamente, 250 mudas de eucaliptos e 80 nativas. “O curso foi muito bom. Aprendemos como fazer o passo a passo do tratamento. Melhor que comprar o eucalipto já tratado. Vou plantar agora os eucaliptos e depois já vou saber como tratar para usar como mourão ou vender e ter uma renda extra”, diz.
No entanto, é importante ressaltar que a implantação e exploração de sistemas agrossilvipastoris deve estar de acordo com normas e legislações ambientais vigentes. A Resolução INEA n° 124/2015 e a Resolução INEA n° 134/2016 tratam dos procedimentos para exploração florestal sob regime de manejo florestal sustentável e para a implantação, manejo e exploração de sistemas agroflorestais e práticas de pousio no Estado do Rio de Janeiro.
2022: foco em capacitação
O projeto Conexão Mata Atlântica prevê a realização de novas capacitações sobre manejo de sistemas agrosilvipastoris ao longo do próximo ano. Aos produtores interessados em participar, fiquem atentos!
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