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Foto do escritorConexão Mata Atlântica RJ

Projetos coletivos: incentivos e fortalecimento para a organização social no meio rural

Os projetos coletivos são uma oportunidade para fortalecer a organização de produtores que, juntos, potencializam os recursos disponibilizados pelo projeto com inovações e soluções que geram benefícios para grupos de agricultores e localidades rurais das microbacias contempladas. Quando se organizam e apresentam uma proposta de projeto em grupo, os produtores recebem o acréscimo de até 30% sobre seus recursos de PSA individual para investirem – em grupos de, no mínimo, três produtores – em ações que promovam benefícios coletivos.


Até o momento, sete grupos de agricultores se uniram e viabilizaram soluções para problemas coletivos, demandas socioambientais locais, como por exemplo, a instalação da internet rural para acesso de jovens e adultos em aulas ou capacitações on-line, reformas em associações de agricultores, aquisição maquinários agrícolas – como tratores e implementos – para uso comum, entre outros. Conheça alguns desses projetos que estão melhorando a vida dos agricultores e das comunidades rurais:


Internet que conecta e transforma

Associação de Moradores e Produtores Rurais de Pimentel e Formosia. Foto: Benise Freitas

Em uma associação que reúne produtores de Italva e Cambuci, um grupo de 29 produtores vinculados à Associação de Moradores e Produtores Rurais de Pimentel e Formosia, além de outros não associados, se uniram para viabilizar a instalação de postes e fibra óptica para levar sinal de internet à sede da associação. O projeto coletivo foi executado nos ciclos I e II de PSA do primeiro edital (02/2018).


A internet já foi instalada e tem beneficiado toda a comunidade da região, principalmente os estudantes que, com a pandemia, estão usufruindo da rede e dos equipamentos (como notebook e impressora), da associação para estudar.

Para a presidente da associação, que representa o grupo, a internet trouxe muitas

melhorias para a comunidade. “Tem facilitado a comunicação entre os produtores e a distribuição da produção, pois agora podemos divulgar e negociar nossos produtos direto com os compradores. Além da valorização da propriedade”, celebra.


A internet também tem contribuído com a saúde da comunidade rural. Os atendimentos médicos realizados na sala cedida pela associação para a prefeitura passaram a contar com exame de eletrocardiograma. “Agora os pacientes podem fazer o exame lá mesmo, o que antes não era possível”.


Com os próximos ciclos de PSA, diz Benise Freitas, o grupo espera poder concluir a instalação para além da associação, viabilizando o acesso a internet a grande parte da microbacia, beneficiando cerca de 100 famílias.


Economia de tempo, recurso e trabalho


Em Porciúncula, um grupo de quatro produtores reconhecidos pelo Conexão Mata Atlântica apresentaram uma proposta de projeto coletivo (ciclo II do primeiro edital – PSA 02/2018) para aquisição de um triturador forrageiro para moer milho. Além de agilizar a produção de fubá usado para o consumo próprio das famílias e alimentação dos animais, o equipamento tem permitido uma boa economia nesse processo, que antes era feito todo fora. “Economizamos tempo e trabalho. Agora só gastamos com energia”, diz Sebastião Garate, um dos agricultores integrante do grupo.


Para o investimento do próximo, Sebastião conta que o grupo planeja a compra de um motor para uso exclusivo na trituradora, que desde então tem sido acoplada ao motor do microtrator, facilitando o uso do equipamento. “Estamos contribuindo com o meio ambiente e em troca o projeto tem dado uma boa ajuda. Estamos conseguindo fazer algumas melhoras”, diz o produtor que tem investido na implantação e incremento de sistema agroflorestal.


“O produtor que não tem consciência da importância da preservação dos recursos naturais em sua propriedade vai pagar caro lá na frente. Temos o maior cuidado para preservar a água, nosso bem mais precioso”, alerta. Sebastião.


Projeto coletivo em família

Trator adquirido com recursos de projeto coletivo. Foto: Maria Mercante

No município de Valença, os sete irmãos da família Machado Lima, todos com propriedades vizinhas, participaram do projeto coletivo nos dois ciclos do primeiro edital do projeto (PSA 02/2018). Com os recursos do primeiro ciclo eles investiram na compra de um trator usado, que depois foi reformado. A máquina vem sendo utilizada em diversas ações nas propriedades como, por exemplo, para otimizar a logística de transporte do esterco do gado para adubação das plantações de cana e de capim, empregadas na alimentação dos animais.


No segundo ciclo, o recurso foi destinado à compra de uma chorumeira para aplicação de fertilizante líquido produzido pelo biodigestor também implantado com parte dos incentivos individuais do projeto.


Segundo José Walter, engenheiro químico, pecuarista e um dos irmãos do grupo, ambos os investimentos têm agilizado o trabalho que antes era feito manualmente, com carroça de boi, economizando tempo e mão de obra. “Alguns de nós recebem recursos pequenos, que impossibilita a compra de um bem como um trator, mas em grupo se torna viável. Além de otimizar a utilização dos equipamentos, que podem ser compartilhados entre todos do grupo, dividindo, inclusive, os custos com manutenção”, afirma.

Em uma nova oportunidade de investimento coletivo, a partir do novo edital do projeto Conexão, já com seleções concluídas em 2019 (PSA 06/2019) o grupo prevê investir na reforma de uma escola rural. A proposta pretende apoiar melhorias na captação de água, saneamento e acesso à internet na escola e reúne também outros vizinhos que foram incentivados a reunir esse apoio para solucionar uma demanda coletiva que é a melhoria da escola local.


Como vemos, os projetos grupais podem viabilizar variadas inovações e soluções, apoiando organização e fortalecendo as possibilidades de melhoria dos contextos locais com diferentes tamanhos (montante de recursos arrecadados) e formatos de grupos de produtores. Novas propostas de projeto coletivo podem ser apresentadas a cada ciclo de PSA.


“Os incentivos coletivos levam para os grupos e as organizações sociais a possibilidade de trabalharem e contribuírem para soluções de questões socioambientais que fazem parte dos contextos reais das microbacias. Apoiar e fortalecer essas organizações é difundir e cristalizar na sociedade a importância de buscar a sustentabilidade em escala regional. Com os diferentes atores trabalhando em conjunto os efeitos, ambientais e econômicos do projeto, certamente ficam mais presentes e são perpetuados ao longo do tempo”, afirma Gilberto Pereira, coordenador executivo do projeto no estado do Rio.

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