A conscientização sobre a importância da preservação do meio ambiente tem sido cada vez maior em todo o mundo. As formas de consumo também estão mudando e já é uma tendência a demanda por produtos e serviços que tenham maior responsabilidade socioambiental. Alguns produtores rurais beneficiados pelo Conexão Mata Atlântica no estado do Rio de Janeiro estão enxergando o reconhecimento como prestadores de serviços ambientais como uma oportunidade para agregar valor à propriedade e à produção.
Além de recompensar as ações ambientais desenvolvidas pelo produtor rural, fomentando o desenvolvimento dos negócios e comunidades locais, o mecanismo de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) possibilita, ainda, a valorização da propriedade e da produção de quem adota práticas mais sustentáveis. Segundo o coordenador executivo do projeto no Rio de Janeiro, Gilberto Pereira, o projeto sempre teve como um de seus propósitos a valorização e fortalecimento da identidade do produtor prestador de serviços ambientais. “Iniciamos com a identificação das propriedades com placas, para que a sociedade pudesse identificar e valorizar quem se dedica a produzir com maior benefício ambiental. Mas recentemente tivemos ótimas surpresas ao notar que os produtores e parceiros que participam conosco estão empreendendo justamente nessa direção”.
A produtora rural Benise Freitas, de Cambuci, é uma das que tiveram a ideia de citar o reconhecimento do projeto Conexão Mata Atlântica em um banner e no rótulo dos arroz gourmet agroecológico, produto que cultiva e beneficia em sua propriedade, a Fazenda da Penha, na qual desenvolve ações de conservação e restauração florestal. “Em todo o lugar que apresento meu produto falo que somos uma propriedade reconhecida pelo Conexão Mata Atlântica como prestadora de serviços ambientais e que nos preocupamos com o meio ambiente. Com isso espero despertar o interesse do consumidor por um produto diferenciado”, conta Benise, que também é presidente da Associação de Moradores e Produtores Rurais de Pimentel e Formosia.
Em Varre-Sai, o produtor rural José de Almeida e as filhas Daniela e Márcia também estão usando o reconhecimento das ações de conservação e restauração florestal desenvolvidas na propriedade, o Sítio Xodó, para valorizar ainda mais a produção de vinhos de frutas, licores e cachaça saborizada artesanal, produtos agroecológicos. Os rótulos das bebidas trazem a informação de que toda a matéria prima usada na produção vem da propriedade que possui uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). “Algumas pessoas vieram me dizer que não sabiam que tínhamos uma RPPN e que participávamos do projeto Conexão Mata Atlântica. Isso ajuda a reforçar a importância da questão da conservação ambiental, que também influência a escolha do consumidor”, conta Márcia (à direita na foto), que pretende fazer o mesmo com os outros produtos que produzem na propriedade.
O cafeicultor Marcos Menin e a mulher Valéria, do município de Porciúncula, tiveram a ideia de usar o reconhecimento do projeto para divulgar a marca de café Raiz nos eventos de negócios do segmento. Eles usaram um banner com a imagem da placa do projeto que reconhece o Sítio Fortaleza como prestadora de serviços ambientais durante o Concurso de Cafés Especiais, realizado ano passado no Rio de Janeiro. “Queríamos mostrar que temos essa preocupação com o meio ambiente e que participamos do projeto. Hoje em dia as pessoas estão mais atentas à origem dos produtos que consomem”, diz Valéria. A propriedade foi recompensada por desenvolver ações de conservação e recuperação de nascentes.
A médica aposentada e proprietária rural, Myriam Bueno, está usando a identidade do projeto para sinalizar as ações ecológicas que vem desenvolvendo no Sítio Sooretama, em Ipiabas, distrito de Barra do Piraí. Pensando na oportunidade do setor de ecoturismo, a prestadora de serviços ambientais investiu recursos do PSA na produção de placas que apresentam informações educativas sobre as práticas sustentáveis. “A ideia é investir no ecoturismo e receber grupos de visitantes, estudantes e interessados, para conhecerem as ações ecológicas que desenvolvemos aqui. As placas vão ajudar a fortalecer a mensagem”.
A casa ecológica, que Myriam começou a construir há sete anos com materiais de demolição, possui um sistema de energia solar, roda d’água, sistema de aproveitamento da água da calha do telhado, fossa biodigestor, horta-galinheiro em formato mandala, trilha ecológica e um pequeno sistema agroflorestal, implementado como recurso do PSA, recompensa por mais de 6 ha de floresta conservada.
O projeto Conexão Mata Atlântica incentiva e apoia empreendedores que querem fortalecer sua identidade a partir da inovação e sustentabilidade no meio rural. “A identificação do prestador de serviços ambientais é uma boa estratégia de agregação de valor e sustentabilidade para quem busca uma forma de produzir mais benéfica à toda a sociedade. Talvez em um futuro próximo poderemos construir uma marca ou certificação que identifique este produtos e serviços com grande diferencial e potencial no mercado“, afirma Gilberto.
Fotos cedidas pelos produtores rurais.
Comments