No primeiro edital, o Conexão Mata Atlântica no Rio de Janeiro contemplou 164 produtores rurais de seis microbacias prioritárias para conservação da biodiversidade e a promoção da conectividade de fragmentos florestais da Mata Atlântica na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul. Os resultados positivos das ações do projeto nas áreas de atuação podem ser percebidos não só pelos investimentos realizados nas propriedades, mas, principalmente, pelos impactos ambientais e sociais mencionados pelos próprios beneficiários.
Além da recompensa financeira pelas ações ambientais desenvolvidas, os produtores beneficiados ressaltam diversos outros benefícios que influenciam na melhoria da qualidade de vida no campo, como a valorização do trabalhador rural, a melhoria dos serviços ecossistêmicos, fortalecimento das comunidades rurais e assistência técnica prestada pelo projeto.
Veja o que alguns produtores contemplados no primeiro edital têm a dizer sobre como tem sido participar do Conexão Mata Atlântica:
Carlos Alberto Oliveira, pecuarista e presidente da Associação Mutirão da Conquista Propriedade: Sítio Dois Irmãos, Valença Ações ambientais: conservação, restauração e conversão produtiva em sistema agroflorestal, com consórcio de café e palmito. Investimento do PSA: adubo para plantio de cana forrageira e suplemento alimentar para o gado.
“Primeiro recebemos apoio da Emater-Rio e do projeto Rio Rural para proteção de algumas nascentes e conservação da nossa água. Depois, com os incentivos do Conexão Mata Atlântica, estamos reflorestando uma área maior. Já percebermos que o volume da água aumentou. Isso é bom não só para mim, mas para os vizinhos e quem vive na cidade. Quem é que não precisa de água? É um incentivo importante para começarmos e quando vermos os resultados darmos continuidade. Com o apoio do projeto também estamos voltando a fazer os mutirões para implementar sistemas agroflorestais."
Júnior Di Biase, pecuarista e empresário Propriedade: Fazenda Santana, Valença Ações ambientais: conservação e restauração florestal. Investimento do PSA: recuperação de pastagem degradada.
“O projeto não faz distinção entre pequeno ou grande produtor. É para todos que se adequam e valorizam o capital humano e ambiental da propriedade. O sistema produtivo e o ambiente em harmonia geram uma relação de ganha-ganha. O produtor ganha e o meio ambiente também. O projeto tem valorizado muito a dignidade do produtor rural, que tem poucos incentivos e reconhecimento da sociedade. A revalorização do trabalhador rural e a melhoria no uso das propriedades são muito importantes para a viabilidade da vida de muitas famílias rurais."
Eden Affonso, pecuarista e empresário Propriedade: Sítio Cabanha do Bambu - Ipiabas, Barra do Piraí Ações ambientais: restauração florestal e implementação de sistema agroflorestal.
Investimento do PSA: equipamentos para ensilagem do alimento animal.
“Tínhamos certo receio de participar, mas vimos que o projeto é sério. As ações que adotei já precisavam ser feitas e ainda contei com o incentivo e orientação técnica do Conexão Mata Atlântica. Agora quero aumentar a área de restauração e implementar um sistema silvipastoril. Atualmente, os animais não tem muita sombra e sofrem com o calor. Tem produtor que acha que só o pasto valoriza a propriedade, mas sem água e árvores não tem sustentabilidade. Precisamos conscientizar o produtor e a sociedade de que precisamos cuidar do ambiente que vivemos.”
Leandro Gonçalves, pecuarista Propriedade: Sítio Santa Marta, Ipiabas, Barra do Piraí Ações ambientais: conservação, restauração florestal e conversão de área de baixa produtividade em sistema agroflorestal. Investimento do PSA: gerador de energia para reduzir os riscos de perda da produção.
“Faltava incentivo técnico e financeiro para investir na propriedade. Nesse ponto, o projeto me ajudou a ter mais vontade de ficar no campo, me deu apoio técnico através de palestras e visitas in loco, onde me ensinaram técnicas para conservar o meio ambiente. Com a assistência do Conexão Mata Atlântica e seus parceiros locais como a Emater-Rio, aumentou a quantidade de água no sítio, melhorou a pastagem e a criação de gado, o que também aumentou a minha matéria prima, o leite, para produção de queijos. A gente melhora a propriedade e ainda recebe o recurso. E, principalmente, o aprendizado que nos estimula a inovar e crescer.”
Luiz Almeida e Dalva, agricultores agroecológicos Propriedade: Sítio Cacimba d’Água Boa, Italva Ações ambientais: conservação de floresta nativa. Investimento do PSA: cercamento, sombreamento da horta e estufa para produção de mudas orgânicas.
“Nascemos e crescemos na roça. Infelizmente, as gerações anteriores desmataram muito e o clima não é mais o mesmo. A água também não é mais abundante como antes. Percebemos que é preciso mudar, mas sozinhos não conseguimos fazer nada. É muito importante, como o projeto está fazendo, incentivar os produtores rurais a terem mais consciência do meio ambiente. Estimula também os jovens a querer ficar no campo e viver da terra. A gente já deixava as árvores crescerem junto com a roça e com o apoio do projeto estamos começando a melhorar nossa produção sustentável.”
Benise Freitas, professora, pecuarista, produtora de arroz gourmet e presidente da Associação de Moradores e Produtores Rurais de Pimentel e Formosia Propriedade: Fazenda Penha, Italva Ações ambientais: conservação de floresta nativa, Investimento do PSA: recuperação de pastagem degradada.
“Participo do Conexão Mata Atlântica e posso afirmar o quanto o projeto tem melhorado a qualidade de vida em nossa comunidade rural. Já percebemos o retorno de alguns animais silvestres que quase não apareciam mais na região e a melhora dos recursos hídricos. Dando continuidade aos incentivos do Rio Rural, vejo com muita alegria o que pudemos transformar com a ajuda dos recursos do projeto Conexão. O projeto tem ajudado também na reestruturação da associação e estimulando a permanência das famílias na área rural. Esperamos que o projeto continue nos incentivando e prestando a assistência tão valiosa e necessária”.
Regina Pecly, professora e pecuarista Propriedade: Fazenda São Francisco, Cambuci Ações ambientais: conservação de floresta nativa. Investimento do PSA: recuperação de pastagem degradada, irrigação e proteção de nascentes.
“Preservar já era algo que queríamos fazer há muito tempo e o projeto nos incentivou com assistência e recurso. Os técnicos do projeto nos orientaram muito bem para investirmos em algo que desse retorno para a propriedade. Agora, queremos proteger mais nascentes, pois a seca aqui na região está mais difícil a cada ano. Se não preservarmos, a água vai acabar. A conscientização que o projeto vem fazendo é muito importante e os produtores rurais estão começando a entender a necessidade de conservar as matas para garantir o futuro”.
Alcides de Oliveira Pinto, pecuarista Propriedade: Sítio São Joaquim, Cambuci Ações ambientais: restauração florestal de mata ciliar. Investimento do PSA: irrigação para plantio de cana forrageira.
“Sempre trabalhei na roça. Minha vida e o meu sonho é aqui nessa terra, de onde tiro o meu sustento. Sou muito agradecido porque o projeto reconhece minha história de trabalhador rural e está ajudando a melhorar a minha propriedade. Com a seca, a produção de leite reduziu de 50 para 10 litros por dia. Com a irrigação da cana forrageira espero aumentar a produção. Os incentivos e a assistência de projetos como esse são muito importantes. Espero fazer muitas outras melhorias”.
Amália e Luiz Sobreira, pecuaristas Propriedade: Sítio Santa Fé, Varre-Sai Ações ambientais: conservação de floresta nativa. Investimento do PSA: equipamento para plantio de mudas.
“O projeto ajudou muito. Com o cercamento agora é muito mais fácil fazer o manejo do gado, contribuindo para a conservação do pasto. Estamos cuidando melhor da propriedade, fazendo a coisa certa, sem prejudicar o meio ambiente. Os técnicos do Conexão Mata Atlântica, com apoio dos parceiros da Emater-Rio, deram toda a informação e orientação necessária. O conhecimento que recebemos é tão importante quanto o recurso. É o primeiro projeto de incentivo que participamos e estamos muito animados”.
José Ferreira, cafeicultor e presidente da Cooperativa dos Produtores de Café do Noroeste Fluminense (Coopercanol) Propriedade: Sítio Malacacheta, Varre-Sai Ações ambientais: conservação e restauração florestal, conversão produtiva num consórcio de café com árvores nativas, madeireiras e frutíferas. Investimento do PSA: controle de erosão e conservação do solo.
“Aqui na região Noroeste o projeto tem causado um impacto positivo muito grande na vida dos agricultores que estão participando desde a primeira fase. Seja pelos bons resultados obtidos com as práticas de conservação adotadas, como pelo importante apoio financeiro que recebemos para investir em inovação. A assistência técnica é outro ponto positivo. É muito bom ter profissionais capacitados que nos trazem conhecimento e nos orientam a fazer a coisa certa. É disso que mais precisamos: incentivo para continuar contribuindo cada vez mais com o meio ambiente.”
Angela Gripe, pecuarista, cafeicultora e presidente da Associação Comunitária de Produtores Rurais de Boa Esperança, Murupi e São João (ACOPREMS) Propriedade: Fazenda Boa Esperança, Porciúncula Ações ambientais: restauração florestal. Investimento do PSA: recuperação de pastagem degradada e construção de um novo curral e reforma do antigo.
“Eu e minha irmã, Zuraide Guedes, somos muito gratas ao projeto Conexão Mata Atlântica pela assistência técnica e incentivo que têm contribuído para a preservação do meio ambiente em nossa região. O apoio financeiro nos motivou a continuar a conservar, com muito mais zelo, as matas e nascentes em nossas propriedades. O recurso também ajudou a fortalecer a nossa comunidade e melhorar a infraestrutura da associação. Tudo isso só foi possível graças ao trabalho exemplar dos técnicos do projeto, que sempre estiveram presentes nos orientando e nos motivando em todos os momentos”.
*Na foto, Zuraide à esquerda e Angela à direita.
Sebastião Magro, cafeicultor Propriedade: Sítio Sagrado Coração de Jesus, Porciúncula Ações ambientais: restauração florestal. Investimento do PSA: construção de terreiro de pedra para secagem do café.
“Comecei a reflorestar uma área que era pasto há mais de 30 anos para melhorar a qualidade do ar, pois meu filho tinha sido diagnosticado com pneumonia. Me chamavam de maluco, pois achavam que eu estava perdendo área produtiva. Mas eu sabia que era a coisa certa a ser feita. Agora o projeto está dando valor para este trabalho e recompensando por isso. Eu nunca tinha recebido nenhum recurso ou incentivo para a minha propriedade. Fiquei muito satisfeito. Quero reflorestar mais uma área de morro perto do cafezal e proteger as nascentes”.
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