No dia 28 de maio, o projeto Conexão Mata Atlântica promoveu um encontro de entre agricultores que atuam na cafeicultura no Sítio Mucupi, em Porciúncula, para uma tarde de trocas e aprendizado sobre a integração de árvores e outras culturas à lavoura de café. Os anfitriões, os agricultores Fábio e Graciela Silva, são produtores beneficiados pelo projeto e reconhecidos como prestadores de serviços pela adoção de sistemas produtivos mais sustentáveis.
Na pequena propriedade eles vêm aplicando, há mais de dez anos, conceitos conservacionistas na produção de alimentos. Com incentivos do projeto, estão desenvolvendo dois sistemas de Conversão Produtiva: um sistema agroflorestal diversificado com cultivo de culturas anuais, forragens (que geram renda sendo comercializadas como silagem) e árvores nativas e econômicas na mesma área; e o segundo, no qual tem consorciado à lavoura de café diferentes espécies de árvores, com cultivo de culturas agrícolas sazonais nas estradas e micro terraços em nível.
Em uma área com pouco mais de 5 hectares, os agricultores cultivam café e diferentes espécies frutíferas nativas e econômicas. Segundo o produtor Fábio, além de diversificar a produção, o manejo do sistema tem melhorado a qualidade do solo e, consequentemente, a produtividade. “A poda das árvores geram biomassa para adubação verde e cobertura do solo, que ajudam a enriquecer o solo”, conta o agricultor.
A partir da experiência do Fábio, pode-se visualizar bem como as árvores têm papel muito importante na cafeicultura: “A árvores ajudam no sombreamento e microclima da propriedade. É importante a diversidade dentro da cultura do café. Toda árvore que dá fruto, dá flores e vai trazer abelha, vai trazer insetos”, diz Fábio.
A integração também tem contribuído para a qualidade do café produzido dentro do sistema, que pode ser considerado agroecológico, já que praticamente não usa adubação ou defensivos químicos. Com isso, os agricultores já estão colhendo os frutos do sistema. O café produzido no Sítio Murupi foi reconhecido, em 2021, como o segundo melhor café especial do município de Porciúncula. Em 2022, conquistou quatro premiações no mesmo concurso junto com parceiros que atuam em sua propriedade (saiba mais).
Os agricultores visitantes também puderam conhecer as diversas práticas conservacionistas desenvolvidas na propriedade, como os canais e barraginhas de contenção, além das estradas de colheita e micro terraços em nível, que geram melhor custo benefício para manejo e colheita, além de contribuírem para a conservação de solo e água da propriedade. O procedimento de implantação dos micro terraços e o efeito observado, distribuindo a água em toda a encosta e de cima para baixo, gerou percepções importantes entre os participantes da visita.
"Ele tem feito uma coisa que venho tentando trabalhar há anos, que é segurar o máximo de água e diminuir o processo de erosão nas lavouras. Ele tem conseguido captar toda água da chuva e manter na propriedade", comentou José Ferreira Pinto, presidente da Cooperativa de Produtores de Café do Noroeste Fluminense (Coopercanol), que acompanhou a visita.
“O que vimos na propriedade do Fábio e da Graciela é um ótimo exemplo de integração do sistema produtivo com práticas ambientais, que além de contribuem para a manutenção dos serviços ecossistêmicos, melhoram a qualidade do café, geram mais renda e qualidade de vida aos agricultores e toda sua família", diz Gilberto Pereira, coordenador executivo do projeto Conexão Mata Atlântica no estado do Rio e que conduziu a atividade.
A visita técnica contou com a presença de cerca de trinta e cinco participantes e produtores rurais da região, entre eles Higino Reis Lira (presidente do Sindicato Rural de Porciúncula), além de técnicos do projeto e da EMATER-RIO.
Histórias de Quem Produz e Preserva Assista ao vídeo sobre a história de sucesso do produtor Fabio e sua família, que estão tornando a propriedade e sua produção de café mais sustentáveis.
コメント